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O Mundo Adolescente


A fase é cheia de conflitos, mas se adolescentes, pais e professores souberem passar pelo desafio, o resultado será: adultos seguros, responsáveis e autônomos


De repente, a criança pequenina, obediente e companheira dá lugar a um jovem que contesta, pede privacidade, pleiteia novos espaços e se veste de um jeito nunca imaginado. Chegou a adolescência. É nessa fase que nós, seres humanos, temos a oportunidade de firmar nossa identidade, nossos valores e nossas crenças.


É um momento de descobertas, em que o jovem experimenta e testa limites. É também quando se amplia a visão de mundo, de si e do outro, pois ele questiona tudo o que foi aprendido com os adultos. Muitos comportamentos considerados como afronta são, na verdade, uma necessidade própria da idade.


Para muitos pais e educadores, é difícil saber como lidar com a adolescência de seu filho, com suas contestações e com o fato de não se estar mais diante do filho ou do aluno pequeno e obediente e é aí que os conflitos começam.


Uma pessoa que não tem espaço para discordar e argumentar não tem a possibilidade de amadurecer. Por isso, o diálogo ganha papel fundamental.


A tarefa de educar e de conviver pode ser mais agradável quando a família e os professores estabelecem, desde muito cedo, a prática do diálogo respeitoso. Muitas vezes, acreditamos que crianças pequenas não conseguem desenvolver conversas profundas, negociar desejos e entender possibilidades.


Dessa maneira , tudo termina em um “porque sim” ou “porque não” e isso se estende ao longo dos anos. Respostas pobres a perguntas e indagações dos pequenos, com o tempo, tendem a empobrecer também a possibilidade do diálogo entre adultos e adolescentes.


A criança bem ouvida se torna um adolescente mais encorajado para descobrir, para se colocar e para enfrentar o diferente.


Por isso, é tão importante que o adulto permita o lugar da fala, da livre expressão, sem intimidar. E que, sempre, se lembre de perguntar o que o jovem sente ou pensa de cada assunto.


Por outro lado, ouvir não significa dizer sim para tudo, e é nessa hora que o adulto também tem a possibilidade de expor o que pensa e dar ao jovem parâmetros de adequação, sempre com afeto e boa vontade.


A falta de diálogo pode gerar dois extremos perigosos: aquele jovem retraído, que mal se posiciona, que tem medo da vida, dos pais e dos professores; ou aquele que, para chamar a atenção e se sentir ouvido, precisa desafiar, gritar, ofender e agredir os demais. A relação saudável é aquela em que ambos os lados podem falar; em que o jovem tem o direito de questionar e de entender as regras; em que o adulto ouve e pondera antes de restringir; e em que os limites são colocados de maneira equilibrada e negociada.



Para conviver bem com adolescentes, não se deve cair em provocação, bater de frente ou levar o assunto para o lado pessoal quando um conflito acontece. Educar não é um jogo em que se determinam vencedores e perdedores. O adolescente precisa ter do adulto uma posição firme, mas respeitosa. E aprender, assim, a dar o devido respeito – porque é desse jeito que a vida funciona.


Depoimento de um professor: O adolescente e a escola

Em suas aulas, há o momento da brincadeira, do papo, da descontração. Mas, na hora em que a aula começa, os alunos prestam atenção por dois motivos: a aula é interessante e Jadon tem uma postura que impõe ordem e respeito. Isso nem de longe significa ser autoritário, mas, sim, deixar claro as regras da sala de aula. Sem subestimar a capacidade dos adolescentes, esperando deles a tal obediência infantil.


No quesito “aula interessante”, Jadon desenvolveu o seu jeito de lecionar: aproxima da vida dos jovens o conteúdo da literatura. Em vez de fazer uma lista de livros a serem lidos, acompanhadas de aulas expositivas chatas e uma prova no final, Jadon prefere contar às turmas quem eram e como viviam os autores estudados.


“Muitos deles morreram jovens, com vinte e poucos anos, porque levaram vidas desregradas, bebiam e usavam drogas. Vários tiveram fins trágicos”, conta o professor. Ao mostrar a realidade de jovens escritores do século 19, Jadon aproveita e faz paralelos com artistas da atualidade, como Amy Winehouse, morta por problemas com drogas.


“Saio do conteúdo da disciplina, falo de valores, de comportamento, de amores e paixões, do que é próprio da idade deles e que tem a ver com os autores. Esse é um jeito de ganhar os alunos e fazer com que eles se interessem pela matéria”, explica.


Já no quesito “ordem e respeito”, o professor também tem suas técnicas. Uma delas é ter muito respeito por aquilo que os adolescentes gostam. “Não posso categorizar como lixo o que meus alunos gostam de ouvir, por exemplo. Vejo muitos adultos fazerem isso”, diz.


Na medida em que dá respeito, Jadon exige o mesmo em suas aulas. Não admite piadinhas fora de hora. No momento em que a aula corre, os alunos entendem que é hora de calar e de participar.


“Não acho certo quando ouço pessoas falando que a juventude está cada vez pior”, comenta.

Para ilustrar sua posição sobre isso, Jadon conta um fato interessante, ocorrido há cerca de dez anos em um congresso de educação. O palestrante mostrava à enorme plateia de professores uma pesquisa da Universidade de Paris, que revelava o quanto os adolescentes estavam piores, mais indisciplinados.


Todos acenavam com a cabeça, concordando com tudo da pesquisa. Só que, ao final da palestra, foram surpreendidos: o estudo datava de 1901.


“Ou seja, para os mais velhos, os adolescentes sempre vão parecer piores. Nada disso. Eles continuam sendo jovens de 15 anos, que vivem de acordo com seu tempo. Nós é que estamos envelhecendo e precisamos entender isso”, pondera o professor.


Valorizar o que cada um tem de bom é outra estratégia de Jadon. “Todo mundo tem algo positivo. Se eu só reforço aquilo que está ruim, como posso pedir que o aluno melhore?”, indaga.


Coragem e responsabilidade

Para saber como lidar com a adolescência, é preciso entender que nessa fase, eles não sentem medo de quase nada.E até para isso existe uma boa explicação, segundo a neurociência. Estudos indicam que, na adolescência, as áreas do cérebro responsáveis pelo medo ficam um pouco mais lentas, o que justifica esse comportamento destemido.


Isso teria um efeito positivo: menos medo significa mais disposição para o novo e para os desafios. No entanto, vale lembrar que, além das questões biológicas e neurológicas, colabora para esse comportamento o fato de os jovens serem inexperientes. Por isso, mais uma vez, conversas sinceras são fundamentais.


É importante explicar ao jovem os perigos, por exemplo, de entrar em um carro dirigido por alguém embriagado ou pegar carona com desconhecidos numa viagem com a turma.


Arcar com as consequências das atitudes e das escolhas também é fundamental nessa fase da vida. Pais e educadores devem colocar em discussão as atitudes dos adolescentes e deixar claras suas responsabilidades. Um exemplo disso é o andamento do processo educativo do estudante.


As tarefas relativas à escola precisam ser encaradas como uma grande oportunidade de os jovens crescerem e amadurecerem. O aluno precisa se comprometer com o seu próprio desenvolvimento acadêmico.


Muitas vezes, por terem interesses diferentes dos conteúdos da escola, a lição de casa, o momento de estudar para a prova, o cumprimento de datas, a pontualidade e a organização do material escolar ficam em segundo plano. O resultado pode ser conflitos com os professores e baixo rendimento.


Os pais precisam, claro, estar atentos e auxiliar os filhos, mas também devem permitir que eles arquem com as consequências de suas posturas e atitudes, quando for o caso. Com isso, estarão colaborando com o preparo do jovem para a vida. Adulto maduro é aquele que tem liberdade e lida com suas escolhas de maneira responsável.

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